Laissez-faire. Descubra as consequências da tolerância extrema.

Entenda como um gestor que valoriza relacionamentos pode ser nocivo para a organização.

LIDERANÇA

Flávio Xavier

6 min read

"A mediocridade resulta em primeiro lugar de falhas de gerenciamento,
e não de falhas tecnológicas."
Jim Collins

Neste artigo, você encontrará insights sobre um estilo de gestão que, apesar de aparentemente benevolente, pode ter consequências negativas no ambiente de trabalho. Compreender os prós e contras desse estilo pode auxiliar os principais líderes das empresas a tomarem decisões mais eficazes sobre como gerenciar suas equipes e promover um ambiente de trabalho saudável e produtivo.

Gestão Laissez-Faire: A armadilha do "agradar a todos"

Quando falamos em Gestão Tóxica, estamos nos referindo a práticas de liderança e gestão que têm um impacto negativo no ambiente de trabalho e no bem-estar das pessoas, prejudicando não apenas a eficácia organizacional, mas também o moral e a saúde mental dos colaboradores.

A primeira imagem de um gestor tóxico que nos vem à mente é de alguém mal-educado, agressivo e desrespeitoso. Na verdade, gestão tóxica abrange uma variedade de estilos e comportamentos prejudiciais, como manipulação, microgerenciamento, competição exagerada e negligência.

Entretanto, há um estilo de gestão tóxica que alguns colaboradores até gostam (sim, acredite!), mas é tão prejudicial para a empresa quanto os outros estilos: o permissivo (laissez-faire). Também podemos chamá-lo de medroso ou bonzinho.

Esse gestor pode ser percebido como um "amigo" pelos colaboradores devido à sua tendência de evitar ao máximo os conflitos e desagradar às pessoas, mas essa abordagem pode resultar em sérios problemas para a empresa e para a equipe.

Um dos principais problemas com a gestão permissiva é a alta rotatividade de funcionários. Um estudo realizado pelo Instituto Gallup em 2022 nos Estados Unidos revelou que 60% dos colaboradores que trabalham para líderes permissivos estão buscando um novo emprego. Isso demonstra que esse estilo de liderança cria um ambiente de trabalho insatisfatório que leva os colaboradores a buscarem melhores oportunidades.

Chefe "bonzinho"? Nem sempre! Os sinais de um gestor permissivo

Alguns comportamentos observáveis de um gestor permissivo podem ser particularmente prejudiciais para o ambiente de trabalho. Estes são os piores comportamentos observáveis:

  • Evita conflitos. O chefe permissivo evita confrontos ou situações difíceis, mesmo que suas intervenções sejam indispensáveis para resolver esses problemas.

  • Tolera o mau comportamento. Tem uma postura passiva diante de comportamentos inadequados, evitando confronto ou descontentamento entre os colaboradores devido ao medo de lidar com conflitos.

  • Tolera a incompetência. Reluta em lidar com funcionários incompetentes, evitando demiti-los ou tentando transferi-los para outros setores, na esperança de não confrontar diretamente a situação. Isso pode levar a um ambiente de trabalho onde o desempenho fraco é tolerado, prejudicando a qualidade da entrega e minando o moral da equipe.

  • É protecionista. Mantêm colaboradores em cargos ou posições mesmo quando não são mais necessários, com medo de demiti-los e impactar negativamente suas vidas. Por isso, evitam confrontar questões de desempenho ou subutilização de pessoas, resultando em ineficiência e altos custos.

No entanto, além desses comportamentos prejudiciais, existem outros que também podem minar a confiança neste gestor e a eficácia de sua equipe. Alguns exemplos adicionais incluem:

  • Falta de responsabilização. Não atribui responsabilidade alguma aos colaboradores por ações ou resultados negativos, permitindo que não respondam por seu desempenho.

  • Falta de feedbacks assertivos. O chefe raramente fornece feedbacks honestos, que apontem pontos que precisam ser corrigidos ou melhorados, deixando os colaboradores sem noção real de como estão se saindo.

  • Avaliações distorcidas. Quando deve fazer uma avaliação de desempenho formal, avalia com benevolência, ignorando ou minimizando os problemas de desempenho dos colaboradores.

  • Falta de controle. Ele permite que os colaboradores ajam sem restrições, muitas vezes resultando em desorganização, falta de coordenação e baixa produtividade.

  • Falta de desenvolvimento. Não planeja o desenvolvimento profissional dos colaboradores e não prioriza a promoção de oportunidades de crescimento, resultando em estagnação ou desmotivação.

  • Indecisão crônica. Tem dificuldade extrema de tomar decisões importantes, se deixando influenciar por inferências e viéses.

  • Realização de tarefas operacionais. Realiza parte do trabalho que deveria ser executado por seus colaboradores. Isso pode surgir da falta de confiança neles, ou mesmo por receio de estar “pressionando” ou aumentando a quantidade de tarefas deles.

Esses comportamentos demonstram como a gestão permissiva pode ser prejudicial para a equipe e a organização como um todo.

"Você não pode ajudar os homens todo o tempo,
fazendo para eles o que poderiam e deveriam fazer sozinhos."
Abraham Lincoln

O Desafio da Assertividade na Gestão Permissiva

Gestores permissivos têm esses comportamentos aparentemente movidos pelas boas intenções, mas, na realidade, são controlados pelo medo e têm dificuldade extrema de realizar boas práticas que a posição de liderança exige. Principalmente, ser assertivo.

A assertividade é uma competência fundamental para um líder eficaz. Ser assertivo envolve comunicar-se de forma clara, direta e respeitosa, sem medo, expressando suas necessidades, expectativas e limites de maneira firme – não agressiva. Um líder assertivo toma decisões difíceis, enfrenta conflitos de forma construtiva e garante que todos os membros da equipe sejam ouvidos e compreendidos.

Trata-se de uma prática muito desafiadora para um gestor permissivo. No entanto, é uma mudança fundamental que pode ser gradativa.

Ao reconhecer e superar o medo e aprender a comunicar-se de forma firme e respeitosa, esses gestores podem transformar seu ambiente de trabalho e seus resultados.

Caos e ineficiência: os efeitos devastadores da gestão laissez-faire

A seguir, apresento algumas das consequências negativas associadas à gestão de um chefe permissivo no ambiente de trabalho, destacando as atitudes incorretas ou omissões que levaram a essas consequências:

  • Conflitos não resolvidos e inimizades devido à falta de intervenção do gestor para mediar e solucionar o conflito.

  • Fofoca disseminada pela falta de comunicação clara e transparente por parte do gestor.

  • Falta de comprometimento devido à falta de motivação e direção clara por parte do gestor.

  • Procrastinação generalizada causada pela falta de estabelecimento de metas claras e prazos definidos.

  • Decisões incorretas decorrentes da falta de análise correta de dados ou análises enviesadas, muitas vezes devido à hesitação em desagradar alguém.

  • Ingerência na gestão de custos devido à falta de supervisão e controle adequados por parte do gestor, resultando em falta de controle financeiro adequado, desperdício de recursos e aumento desnecessário dos custos operacionais.

  • Acomodação em baixos padrões de qualidade devido à falta de ênfase e monitoramento da excelência nos processos e produtos.

  • Risco de clientes insatisfeitos causado pela falta de priorização do gestor ao atendimento aos clientes.

  • Estagnação da empresa devido aos resultados medianos decorrentes destas e de outras consequências negativas da gestão permissiva na organização.

CEOs e gestores: assumam o controle!

Um gestor permissivo pode ter um impacto negativo na produtividade, no moral da equipe e na cultura organizacional. Consequentemente, contribuir para que a organização não alcance os resultados esperados. É importante que a alta administração esteja ciente destes perigos e tome medidas para lidar com gestores permissivos de forma eficaz.

Aqui estão algumas destas medidas:

  • Converse com o Gestor. Abra um diálogo franco e honesto com o gestor permissivo, expressando suas preocupações e o impacto negativo de seu estilo de gerir a equipe.

  • Ofereça treinamento e desenvolvimento. Incentive o gestor permissivo a participar de treinamentos e programas de desenvolvimento que o auxiliem a aprimorar suas competências de liderança. Desenvolver a assertividade e a capacidade de tomada de decisões estão entre as principais.

  • Defina expectativas claras. Estabeleça metas e objetivos específicos para o gestor permissivo, com prazos e indicadores de desempenho claros.

  • Acompanhe o progresso. Monitore o desempenho do gestor permissivo de forma regular, fornecendo feedback construtivo e orientação contínua.

  • Considere medidas disciplinares. Se o gestor permissivo não apresentar progresso ou se seu comportamento continuar a prejudicar a equipe, considere medidas disciplinares, incluindo seu desligamento.

É importante agir com cautela e profissionalismo ao lidar com gestores permissivos. O objetivo é ajudá-los a desenvolver suas habilidades de liderança e a se tornarem líderes mais eficazes, não puni-los ou desmotivá-los.

Ao seguir estas orientações, CEOs e gestores podem minimizar os impactos negativos dos gestores permissivos e criar um ambiente de trabalho mais positivo e produtivo para todos.

Aja com Urgência. A eficácia está em jogo

É crucial enfatizar a importância de uma mudança imediata. A gestão laissez-faire pode parecer atraente por sua simplicidade, mas suas consequências podem ser devastadoras para as empresas. A falta de liderança, organização e feedback cria um ambiente de trabalho caótico, ineficiente e desmotivador, levando à baixa produtividade, alta rotatividade de funcionários e perda de lucratividade.

É hora de reconhecer os perigos do estilo laissez-faire e agir rapidamente para eliminá-lo de suas empresas. Investir em treinamento e desenvolvimento de líderes, promover uma cultura de feedback e accountability, e implementar sistemas de acompanhamento de desempenho são medidas essenciais para garantir que sua empresa tenha líderes competentes, engajados e focados em resultados.

Pronto para criar uma cultura de liderança mais eficaz? Entre em contato conosco para descobrir como podemos ajudar a transformar sua empresa.

Que suas atitudes sejam inspiradoras!

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Este artigo foi publicado originalmente no meu perfil do LinkedIn em 27/2/2024

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